Mesmo com a noite fria e chuvosa do dia 11 de julho, o salão paroquial da Capela Santa Terezinha, no bairro Universitário em Tijucas, ficou lotado para a abertura da IV Festa de São Cristóvão e a II Semana do Transporte.Logo após o lançamento começou o fórum estadual do transporte, com uma programação extensa. O fórum reuniu especialistas que discutiram sobre a real situação da logística e estradas que os caminhoneiros enfrentam diariamente.
“Essa semana também é uma forma de homenagear os motoristas e dar a eles maiores explicações”, comentou o organizador da festa, Cizenando Andriani. “Tivemos o resultado nessa festa. Foi um evento que veio para se firmar. Além disso, é toda em função da reforma da capela, aproximadamente R$ 70 mil serão arrecadados”.
No domingo, o sol saiu e deixou o dia mais quente. Famílias curtiram um bom churrasco e contribuíram com a construção da capela do bairro. Quem contribuiu além da festa foi o empresário Antídio Pedro Reis Júnior, que foi o condutor da imagem de São Cristóvão.
“É um prazer enorme. Era um sonho. É bom saber que a fé está acima de tudoPedro Reis Jr, que foi o condutor da imagem de SA.tes"”, confidenciou Júnior.
"Bom para a região, melhor ainda para a cidade”, disse o prefeito de TijucasO prefeito de Tijucas, Elmis Mannerich destacou a importância do evento para a cidade e toda a região. Para Mannerich é essencial oportunizar encontros como esse que já são tradicionais para a comunidade e pessoas que vivem do transporte.
“É uma festa tradicional e faz parte não só do calendário de Tijucas, mas de toda a região. É importante porque, é uma festa recente e já tem uma pujança grande, envolvendo vários segmentos do transporte de todo o Estado”, divulgou o prefeito. Mannerich expôs que a região de Tijucas é forte no setor de transporte rodoviário, com muitas empresas, distribuidoras, transportadoras. “É um segmento forte justamente pela localização de Tijucas. A nossa posição geográfica é privilegiada, boa para o setor”.
Quem também esteve presente foi o deputado estadual Renato Luiz Hinnig. Hinnig representou o presidente da Assembléia Legislativa de SC.
O deputado assinalou que as estradas de Santa Catarina estão em estado de calamidade e que só inúmeros esforços farão isso melhorar.
“A situação das estradas merece muita atenção. Temos apenas que torcer para que haja perspectiva de um futuro melhor. A BR-101 e as demais rodovias tem tido do governo do Estado uma atenção aos acessos dos municípios”, confessou o deputado. “Além disso, o governo tem procurado fazer a manutenção das rodovias que estão sob a sua responsabilidade”.
“Lutamos por melhor qualidade no setor de transportes” Outra personalidade que esteve na abertura do evento, foi o presidente do Sindicargas (Sindicato dos Transportadores de Cargas da Florianópolis e Região) Julio César Hess. Hess revelou que as estradas de Santa Catarina estão caóticas e sem manutenção. E ousou lembrar ainda, que toda a escoação é transportada pelas rodovias. Por isso o cuidado deveria ser redobrado.“Hoje nós transportamos 100% de tudo. Sai do navio, o transporte é por caminhão. Sai do avião, o transporte é por caminhão. Acredito que o Brasil é um país projetado para o transporte ser rodoviário. Não existe transporte ferroviário ou fluvial”.
O presidente do sindicato apontou ainda, que toda a economia brasileira passa pelas estradas brasileiras através do transporte.
“Nós como entidade estamos batalhando junto a federação pela duplicação da BR-470, com pedágios inteligentes. Estamos brigando também com o governo para diminuir os desvios da BR-101, porque hoje o nosso custo/hora em termos de país é muito caro”, defendeu.
Hess falou do sucesso da festa e revelou que é nela que além dos motoristas, também se reúnem os proprietários, donos das transportadoras. “É uma forma de homenagear e discutir os problemas de perto com os motoristas e empresários”.
“Caminhoneiro é ser humano”, disse Prof. PereiraNa primeira noite de palestras, o professor e secretario de planejamento de Florianópolis, Francisco Pereira, falou do lado humano do transporte: o caminhoneiro.
“Não falo isso só como professor, falo como ex-proprietário de empresa de transportes e sim por ter um irmão caminhoneiro. O motorista vive sobrecarregado, enfrenta estrada ruim, guardas mal-educados e uma série de responsabilidades técnicas, profissionais e psicológicas impostas pelo patrão”, confessou o professor.
Mas ele acredita que a sociedade mudou seus conceitos em relação a esses motoristas. Pereira disse que as pessoas passaram a compreender que o motorista nada mais é que um trabalhador, só que com responsabilidades sérias. “Além de transportar a carga, transporta vidas”, lamentou. “O problema que quem faz os planejamentos de logística nunca atuaram no ramo, nunca dirigiram um caminhão. Quantas vezes os motoristas reclamam dos caminhoneiros quando eles desviam de um buraco. Sendo que eles apenas fazem isso para não quebrar o caminhão e perder todo o lucro da semana, senão do mês”.
O professor lembrou ainda que não é qualquer um que consegue subir numa boléia e dirigir caminhões. Pode não ser preciso graduação ou doutorado, mas é preciso sabedoria porque são os motoristas tem conhecimento aplicado.
“Estar aqui é uma forma de prestar a minha homenagem a essas pessoas que conseguem sobreviver nesse mundo tão conturbado”.
Fonte: Jornal Estrada