9 de julho de 2007

Oposição confirma bate-chapa inédito nas eleições do Setcepar

A formação de uma chapa de oposição promete movimentar as eleições de 15 de outubro no Setcepar - Sindicato das Empresas de Transporte de Cargas no Estado do Paraná. Um dos mais importantes sindicatos patronais do Estado, o Setcepar comemora 64 anos no dia 13 de julho, num evento no Santa Mônica Clube de Campo. O lançamento da chapa "Renovação Total" por si já representa a quebra de um paradigma, pois será a primeira vez em que se realizará um "bate-chapa" na entidade.
A decisão de compor uma chapa de oposição foi formalizada durante almoço promovido recentemente em Curitiba, com a presença de 18 empresários do setor, que assinaram sua adesão formal à chapa como diretores ou para presidir uma de suas comissões. Dentre outras serão criadas as comissões de Carga e Lotação, Carga Fracionada, Relações Trabalhistas, Transporte Internacional, Responsabilidade Social e Ambiental, Eventos, Tecnologia da Informação, Moto-Fretes e Malotes e Transporte de Produtos Controlados.
"Queremos um sindicato marcado pela união entre todos os associados, sem as atuais discórdias com outras entidades representativas do setor, e especialmente focado em ações que resultem no aumento da rentabilidade dos transportadores", explica o empresário Markenson Marques, diretor da empresa Cargolift Logística e Transportes.
Marques mostra insatisfação com a política centralizadora adotada pela Presidência da entidade nos últimos anos. "O presidente não pode estar acima da diretoria, faz parte do estatuto. Não criou nenhuma comissão para defender qualquer tema do setor durante todo o mandato até agora", lembra. "Por isso, vamos criar comissões e compor diretorias com orçamento e liberdade para exercer seu trabalho, com a seriedade que sempre marcou a história desta instituição", diz Markenson.
O empresário cita a diferença de tratamento em relação ao setor em Santa Catarina, onde os transportadores conquistaram incentivos governamentais.
Markenson defende uma reação conjunta do Setcepar com a Fetranspar e os 8 sindicatos de transportadores do interior do Estado. "Não pode ser uma reação isolada, tem que haver a participação de todas as entidades representativas, afinal o estado tem 6.900 empresas de transporte e destas aproximadamente 50% ligadas a outros sindicatos", ressalva.
Renovação
Para o ex-presidente do Setcepar, empresário Sergio Merolli, da Rodobras Transportes Logísticos, a renovação será importante para o sindicato.
"Renovar é viver, é bom ter sangue novo", diz Merolli. "Estou otimista, as perspectivas são muito boas, vejo que poderão se abrir novos horizontes para o setor".
Merolli elogia o projeto "Emplaca Brasil", apresentado por Markenson. "É um programa ambicioso, porém necessário. O país necessita modernizar sua frota, é uma questão de segurança", avalia, a exemplo do que fez recentemente o presidente da NTC&Logística (Associação Nacional do Transporte de Cargas e Logística), Geraldo Vianna. Jovino Gasparin Junior, da Transportadora Caravaggio, também apóia a renovação do sindicato. "As propostas são muito boas, realmente está faltando união entre os transportadores, tenho uma grande expectativa quanto ao sucesso deste grupo". Sobre a renovação da frota brasileira, Junior afirma que "já passou da hora de acontecer".
O empresário Valter Isotton, da TransJoi Operações de Transporte, apóia a criação de diversas comissões para descentralizar a gestão. "É uma medida fundamental". Ele critica as distorções no pedágio, que trazem prejuízos aos transportadores. "É um absurdo pagarmos o mesmo valor de pedágio na rodovia Curitiba-Paranaguá, seja com o caminhão carregado ou vazio", denuncia. "São 92 reais cobrados mesmo quando o eixo está erguido".
O diretor da Rodolatina Logística, Transportes e Serviços, Bruno Zibetti, cita outra distorção: "Somos obrigados a assumir um encargo adicional de 3% por usar o vale-pedágio. Não adianta reclamar, eles não vendem o pedágio avulso. São milhares de reais a mais por causa dessa taxa administrativa. O sindicato deve assumir uma postura mais firme a esse respeito".
Alexandre Ferreira Filho, da empresa Efitrans, critica a alta carga de impostos. "Em uma transferência de carga os tributos chegam a representar 55% do custo operacional". Ele cita ainda a má utilização dos recursos da CIDE. "Todos esses tributos deveriam ser destinados a projetos como a duplicação e melhoria da nossa BR-116, a Régis Bittencourt, rodovia de grande importância sobretudo aos transportadores paranaenses. Esta é mais uma campanha que o sindicato deveria abraçar".
Mudanças
Na avaliação do empresário Carlos Antonio Carvalho, da FälleTruck & Cargesso, este é o momento de mudar o perfil do sindicato. "Não basta uma sede bonita e um caixa reforçado. Precisamos discutir a legislação atual, marcar presença nos três níveis da administração pública. É necessário baixar a pesada carga de impostos sobre os transportadores e definir tarifas justas de pedágio. Para isso, o setor deve trabalhar para ser ouvido antes da aprovação de novas leis. Depois não adianta chorar", desabafa.
O empresário Nivaldo Pelizzari, da empresa NPL Transporte e Logística, defende a formação de um sindicato mais atento às reivindicações de seus associados e, ao mesmo tempo, com maior diálogo junto aos órgãos federais.
"Truculência não resolve nada, é preciso bom-senso para trazer benefícios à categoria", afirma. André Kuchnier, da APK Transportes, apóia a realização dos eventos "open-house" e que fazem parte das propostas da nova chapa. "Serão destinados principalmente aos associados que pouco conhecem ou comparecem.
Também o sindicato deve ir até o seu associado e conhecê-lo melhor".Siderlei Antonio Borges, do Grupo Sibra, resume o pensamento do grupo: "Queremos um Setcepar forte e atuante, unido às federações de todo o país e que tenha um perfil democrático, onde todos possam opinar".
Setcepar
O Paraná tem 6.900 empresas de transporte em 399 municípios. O Setcepar representa oficialmente 265 municípios e 3.465 empresas. Apenas os associados há mais de 2 anos podem votar. Nas últimas eleições, somente cerca de 70 empresas votaram e várias delas por procuração. Este ano, porém, a inédita disputa deverá despertar um maior interesse pela campanha eleitoral, que se iniciará oficialmente em agosto e se estenderá até as eleições de outubro, em todo o Paraná.

Fonte: Setcepar