Sob neblina, caminhar pelas estradas catarinenses é ainda mais perigoso. A distância entre Maravilha e São Miguel do Oeste, de cerca de 50 quilômetros, parece bem maior com a cerração. Além disso, obras de recuperação na BR-282 tornam o tráfego mais lento. O trajeto que em condições normais seria feito em uma hora, agora chega a levar duas.Na SCs 492 e 493, localizadas na microrregião de São Miguel, cruzes sinalizam mortes por acidentes. Algumas por atropelamento.
- A gente procura se cuidar, pois sabe do risco. Se estivesse aberto, em menos de uma hora chegaria ao serviço. Fechado desse jeito vou levar duas - calculava Miguel Zeferino, 28 anos, às margens da SC-493, no acesso a Descanso, na manhã de sábado passado.
A tática de Zeferino é caminhar pelo acostamento e andar no caminho inverso do fluxo de veículos. Com isso, acredita, os motoristas possuem mais chances de vê-lo, pois os carros e caminhões, apesar do horário, transitam com os faróis acesos.
Em Belmonte, um pouco mais adiante, um grupo de meninos volta da escolinha de futebol. São 10h e a cidade, localizada a 612 metros acima do nível do mar e a 686 quilômetros de Florianópolis, está encoberta.
Situação semelhante enfrenta Tunápolis, também na região. Com renda baseada na agricultura, os moradores têm que adiar o horário para começar os afazeres na lavoura.
Por causa disso, o tráfego de carros-de-boi pelas estradas levando cana-de-açúcar, para a produção artesanal de derivados (açúcar mascavo, rapadura e pinga), e aveia (capim), para o sustento dos animais, se estende até por volta do meio-dia. Em dias claros, o transporte se limita às primeiras horas da manhã.
Em Maravilha, a semana de festa pelos 49 anos de emancipação política, também foi de preocupação sobre o tempo.
Os dias se iniciavam sob neblina intensa, com o céu somente se abrindo no período da tarde.
Fonte: DC